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SEMINÁRIO BRASIL, PETRÓLEO E SOBERANIA – 11/06

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Brasil: Petróleo e Soberania é o tema do seminário promovido pelo Fórum em Defesa da Petrobrás, Petros e AMS, que teve início no dia 11 de junho e prossegue até 13 de julho, abrangendo cinco palestras (uma por semana), sobre o setor de petróleo e gás.

A abertura do evento, no dia 11 de junho, às 9h30, no auditório da Abraspet – única atividade presencial -, teve como tema A descoberta do pré-sal e sua importância para a Nação brasileira; perspectivas para a Petrobrás no Brasil e na Bahia, com a participação do economista José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás e do geólogo Guilherme Estrela, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás.

A palestra de introdução coube o geólogo Guilherme Estrela que, após uma verdadeira aula de história sobre o surgimento e a importante trajetória da Petrobrás, como empresa que alavancou e se consolidou como um dos pilares da soberania brasileira no cenário mundial, fez um recorte sobre a descoberta do pré-sal.

Ocupação estrangeira

Estrela falou da importância do pré-sal para a economia nacional e dos ataques que o país vem sofrendo para que potências estrangeiras e empresas multinacionais se apoderem dessa riqueza. Nesse sentido, Guilherme qualifica o atual governo Bolsonaro como de “ocupação estrangeira”. Ele vai além, apontando que a vitória eleitoral resultou de uma gigantesca fraude contra as eleições livres em 2018.

O geólogo sustenta, ainda, que é preciso revogar todas as ações deste governo que trouxeram retrocessos históricos à legislação e aos direitos coletivos do povo brasileiro, numa política inédita de lesa pátria. É preciso revogar as reformas e as privatizações que foram feitas, porque nada está embasado em atos jurídicos perfeitos e, portanto, são passíveis de revogação.

O ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que falou em seguida, fez questão de ressaltar a capacidade do palestrante que o antecedeu, qualificando Guilherme Estrela como referência mundial na geologia de petróleo, destacando, em especial, sua contribuição na prospecção no Iraque e no pré-sal brasileiro.

Segurança energética

Para Gabrielli, no âmbito mundial, o que se observa é que as ideias neoliberais de desmonte do estado não se aplicam na indústria do petróleo. Para corroborar esta afirmação, o economista fez uma síntese retrospectiva do cenário brasileiro e internacional no setor petróleo, a partir do ano 2000.

Os Estados Unidos, “entre 2008 e 2014 passou de maior importador para grande exportador de gás e quase de petróleo” apontou José Sérgio, ressaltando isso como fruto da decisão política do governo norte-americano de reforçar os investimentos na exploração interna do fracking shale gas. Tudo para garantir a segurança energética do pais, principalmente a partir do ataque às torres gêmeas.

A China também dá um salto, ampliando ação de empresas estatais dentro e fora de seu território, ação que vinha sendo implementada desde a década de 80. No início do século XXI torna-se o grande competidor dos EUA no ramo do petróleo. A este cenário junta-se também a Rússia que, onde a privatização das empresas de petróleo e gás passou a ser revertida no governo de Vladimir Putin.

É neste cenário que o Brasil descobre suas reservas no pré-sal. Em 2010, a Petrobrás volta ao protagonismo, inclusive com mudanças na legislação brasileira que abriam espaço para a criação de um fundo social com destinação de recursos oriundos dessa nova fase exploratória para saúde e educação. Daí dá pra entender porque todos os olhares se voltam ao Brasil e porque garantir a eleição de um governo dócil aos interesses transnacionais era tão importante naquele momento.

Antecedendo aos palestrantes, a abertura do seminário coube aos representantes das entidades que compõem o Fórum em Defesa da Petrobrás, Petros e AMS. Pela Abraspet, seu presidente, Raimundo Lopes, fez críticas à política de privatizações do atual governo e destacou a necessidade da organização e da mobilização da sociedade para enfrentar o atual momento.

Na mesma linha da mobilização, o representante da Astape-Ba, Getúlio da Cruz, falou sobre a importância da união das entidades representativas dos petroleiros e de toda a sociedade, que se reflete no seminário.

Para Jairo Batista, coordenador do Sindipetro-BA, é fundamental resistir contra a destruição da Petrobrás e de todas as estruturas necessárias ao desenvolvimento do país. Ele ressaltou os malefícios da privatização, citando o exemplo da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) que, após privatizada já resulta no maior preço de combustível praticado no país.

Considerando o seminário como fruto da mobilização e união das entidades representativas dos petroleiros, o presidente da Aepet-BA, Marcos André, destacou a própria consolidação do Fórum em defesa da Petrobrás, a partir da lógica da soberania nacional. Chamou a atenção, ainda, para a necessária reconstrução do país após a onda neoliberal que devastou o patrimônio nacional nos últimos quatro anos. “Este não é um debate da categoria petroleira, mas de toda a sociedade”, finalizou Marcos.

Dependência econômica, dependência energética, independência política e hegemonia entre as nações são temas recorrentes de nossos dias, que estarão no foco do seminário. O evento cumprirá ainda o importante papel de ajudar o público a identificar informações verdadeiras e falsas sobre o setor energético. As inscrições para acompanhar e participar, ao vivo, das próximas palestras podem ser feitas pela internet, no endereço https://aepetba.org.br/v1/seminario-2022/.

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